Blah Cultural

Família do Blah

Busca

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Calígula +++


Roma é um guarda-chuva jogado no canto do palco. O cenário lembra vagamente a arquitetura romana com pichações com o nome Gaius Calígula escritas a mão. Esses elementos já davam indícios de que seria um espetáculo com estética contemporânea assim como “Hamlet” que assisti no ano passado. Logo na primeira cena minha suspeita é confirmada. Homens vestidos de casacos de couro entram em cena e criticam as atitudes insanas de Calígula a fim de situar o público sobre que passagem da vida do imperador se trata o espetáculo. Enquanto os senadores reclamam, um deles (interpretado por Cláudio Fontana) carrega Roma em suas mãos. Em seguida, as luzes do teatro se apagam finalmente (aliás elas se apagam e acendem algumas vezes durante o espetáculo para fazer o público se sentir o povo romano).

Em relação às atuações, elas foram boas, mas nenhuma brilhante ou que tenha arrepiado de verdade. Thiago Lacerda que vive o personagem-título, como era de se esperar, é o destaque. A loucura e perversão de Calígula ganham profundidade na maior parte da peça. Em determinados momentos, o ator dá até certo tom de comédia a elas o que agrada o público. Cláudio Fontana e os demais atores que viveram outros senadores e um poeta também não deixaram por menos. A atriz Magali Biff que interpreta a amante do imperador também trabalhou bem, mas por vezes fez graça de forma não muito interessante, mas mesmo assim conseguiu arrancar risadas da platéia. Não a responsabilizo por isso porque não pareceu improviso esse tipo humor sem contexto...

Engana-se quem pensa que o espetáculo é forte e pesado como o clássico do cinema. A peça se inicia no período em que Calígula desesperado com a morte de sua irmã Drusila desaparece por um tempo. A relação incestuosa entre os dois é apenas ironizada pelos senadores no primeiro ato. O espetáculo teatral na verdade é um mergulho profundo na cabeça do atormentado imperador romano. Diálogos sobre morte, poder, liberdade e a eterna insatisfação humana dão o tom da peça.

Vale a pena conferir o espetáculo que está em temporada popular no Sesc Ginástico.

Teatro SESC Ginástico


0 opinaram:

Postar um comentário