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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tron: O Legado (+++)

*Esta crítica foi escrita pelo colaborador Alan Braga.

O que esperar da continuação de um filme futurista dos anos 80 nos dias de hoje? Roteiro mediano, 3D, muitos efeitos visuais e um gosto de passado. É isso que vemos em “Tron: O Legado”.


O filme de 1982 tornou-se cult pela abordagem e pelo pioneirismo. “Tron: uma odisseia eletrônica” retratava o universo dos games em uma época em que fliperamas e games portáteis começavam a evoluir e viravam mania jovem. Os efeitos visuais transportavam personagem e público para um ambiente digital que criava o imaginário futurista da época. Vídeo Game era sinônimo de evolução. O futuro era mecanizado, com linhas retas, vetores e cheio de neon. E todo jovem moderno e ‘antenado’ deveria estar ligado nos tubos eletrônicos, nos sintetizadores musicais ou n
as luzes que piscavam.


Mesmo com toda novidade, o filme trazia uma trama que prendia. Kevin Flynn (Jeff Bridges) é um engenheiro de software que tenta, com sua genialidade, recuperar o emprego perdido na ENCON, o crédito por suas criações e deter o mal intencionado Ed Dillinger (David Warner).


Como bom filme de ação que se prezasse, não poderia faltar a ameaça nuclear e o controle de um poder que pudesse dominar o mundo. Flynn é transportado para o mundo digital e passa a lutar contra o Programa de Controle Mestre, programa de segurança da ENCON criado por Dillinger que está fora de controle. Ele conta com a ajuda de Tron, programa criado pelo amigo Alan Bradley (ambos interpretados por Bruce Boxleitner), e Yori, programa criado pela namorada de Bradley, a Dra. Lora Baines (ambas Cindy Morgan).

A continuação, que será lançada no próximo dia 17 de dezembro, traz a vida de Kevin Flynn após a saída do mundo digital. O engenheiro não apenas conseguiu um emprego melhor como se tornou dono da ENCON. Com ajuda de Tron e de CLU, seu programa-clone, Flynn criou uma Rede capaz de controlar o mundo digital dos computadores da ENCON. Após contar o feito ao filho de 7 anos, o engenheiro desaparece, deixando a criança com os avós. Tudo acontece nos primeiros minutos de filme e somos transportados a uma passagem de 20 anos.

Vemos que Sam Flynn (Garrett Hedlund) tornou-se um herdeiro que perdeu o controle da empresa, mas que se preocupa com os rumos desta. Sob a tutela indireta de Alan Bradley, velho amigo e sócio do pai, o jovem vive solitário, até o dia em que o tutor diz ter recebido no antigo pager um recado de Flynn. O recado teria partido do escritório do antigo fliperama e Sam parte em busca da verdade. No escritório subterrâneo, aciona um laser e é transportado para o mundo digital. Assim, começa a nova saga. A Rede agora é controlada por CLU, clone de Flynn, um ditador virtual que presa pela perfeição.

O filme traz a evolução visual do primeiro. O neon continua por lá, no figurino e nas clássicas motocicletas de luz. E a proposta visual ganha mais vida com a utilização do 3D. São apenas algumas cenas, umas funcionando muito bem, outras apenas como mera ilustração da tecnologia.

Um grande destaque fica para o clone de Kevin Flynn. CLU é um Jeff Bridges rejuvenescido digitalmente e bastante realista. Em muitos momentos, esquecemos que o ator é apenas um senhor de 60 anos.

A trilha sonora composta pelo Daft Punk também é marcante. Criando a ambientação eletrônica, a música faz o elo saudosista com o Tron do passado. As cenas de ação, nas lutas e corridas, conseguem entreter e também animam. Mas paramos por aí. Porque a trama em si não consegue empolgar.

Sam Flynn é um personagem em busca de uma motivação... Um suposto órfão ligado em tecnologia, mas sem muitas pretensões de vida além de uma crença nos sonhos do pai. Ao entrar no mundo digital, ele começa a perseguir os objetivos alheios, tentando salvar o mundo, sem possuir nenhuma motivação pessoal ou conflito maior durante a trama. Nem um romance mais direto com a bela Quorra (Olívia Wilde) evolui. Tudo fica no ar, talvez propositadamente, pela vontade de fazer algo sutil e diferente. No entanto, o personagem sai perdendo (em todos os sentidos).

Outros personagens desaparecem na trama. Bruce Boxleitner tem participação pequena e o personagem de Michael Sheen, Castor, embora tenha um destaque, surge e desaparece sem muita expectativa. Em destaque, apenas a biodigital Quorra, em uma interpretação interessante de Olívia Wilde.

A marca do Tron original era a brincadeira entre a linguagem e os efeitos que remetiam aos videogames da época. Mesmo precários, assumíamos a fantasia, entrando na história. Esta continuação, embora relembre a história passada em alguns pontos, não consegue fazer o espectador se sentir a vontade com sua mitologia e ficamos com a sensação de que já vimos coisa melhor. Temos que assumir muitas teorias para entender a trama, o que fica um tanto cansativo.

O fim do filme deixa abertura para a possibilidade de sequência, uma recorrência do cinema atual. Mas fica a certeza de que um terceiro filme só se justificará com a evolução da tecnologia e a vontade dos produtores de brincarem mais com efeitos.

BEM NA FITA:

- Clone do Jeff Bridges
- 3D e efeitos visuais
- Trilha sonora
- Olívia Wilde

QUEIMOU O FILME:

- Roteiro mediano, com uma trama que não empolga

FICHA TÉCNICA:

NOME: Tron: O Legado (Tron: Legacy).

ELENCO: Jeff Bridges (Kevin Flynn/CLU 2); Garrett Hedlund (Sam Flynn); Bruce Boxleitner (Alan Bradley/TRON); Michael Sheen (Castor); Olivia Wilde (Quorra); Beau Garrett (Jem); James Frain (Jarvis).

DIREÇÃO: Joseph Kosinski.

ROTEIRO: Adam Horowitz, Richard Jefferies e Edward Kitsis.


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