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domingo, 29 de janeiro de 2012

Crítica de "Millennium: Os homens que não amavam as mulheres" (+++)

Estou decepcionada com a versão hollywoodiana para Millennium: Os homens que não amavam as mulheres. Na minha concepção, a produção foi incoerente ao adotar o título "The Girl With the Dragon Tattoo". A adaptação do diretor David Fincher reduziu brutalmente a participação de Lisbeth Salander (por acaso a garota da tatuagem de dragão) de tal forma que chegou a modificar a essência da personagem (isso não ocorreu só com ela, mas com praticamente todos os personagens). Confesso que não li esse livro ainda, mas assisti o filme sueco (2008) e pela riqueza e profundida da trama me fez crer que, aquela versão sim, foi fiel a literatura de Stieg Larsson. Parece que Hollywood tentou compensar a superficialidade de sua produção com diálogos de humor cítrico que até arrancaram gargalhadas da platéia (provavelmente de quem não assistiu a primeira versão).

É evidente que roteiros adaptados tem que sofrer cortes, mas essas "resumidas" precisam retratar os personagens da maneira mais fiel possível a obra original. O que se viu foi Blonkvist se transformar de um jornalista (investigativo) de bom coração num descolado jornalista/investigador sagaz. Ora, se a sagacidade não tivesse sido usurpada de Lisbeth, a hacker investigadora, eu não estaria sendo tão cruel nessa crítica, eu juro! Aliás, pobre Lisbeth a reduziram a uma simples hacker com visual dark e de frieza caricata. Sim! Caricata... afinal a maioria de suas ações só conseguiu mesmo arrancar risadas do público. Sem contar que uma descoberta fundamental para o desenrolar da trama, que na versão sueca foi Lisbeth quem fez e avisou a Blomkvist, na versão de Fincher foi atribuída a uma personagem que nem existia e com ar de casualidade... Reduzir Lisbeth dessa forma me fez crer que os homens que não amavam as mulheres, na verdade, são David Fincher (diretor) e Steven Zallian (roteirista). Se você quer conhecer a verdadeira Lisbeth assista a versão sueca em que Noomi Rapace teve a oportunidade de atuar brilhantemente. Aliás agora entendo porque ela teria se recusado a viver Lisbeth para Hollywood...

A única melhoria americana em "The Girl With The Dragon Tattoo" foi a apresentação da família Vanger. Isso porque a proposta sueca é que o espectador desvende junto com Blomkvist e Lisbeth o caso do desaparecimento de Harriet. Por isso houve um excesso de informação em pouco tempo. Muito nome parecido, muitos velhos e loiras com nomes estranhos, sabe como é... O telespectador pode ficar meio confuso... Já a versão americana ganhou dinamismo nessa parte. O velho Henrik (Christopher Plummer) se limita a apresentar somente os principais membros da família e o resto o "007", ih desculpem, dessa vez é Blomkvist, vai entrevistando os suspeitos. Essa modificação foi bem positiva.

Você deve estar se perguntando: Depois de tantas críticas porque ela deu nota 3? Porque apesar do reducionismo de uma maravilhosa história de suspense, ainda assim, vale a pena assistir o filme, principalmente, quem não viu a versão sueca. Talvez, se eu não a tivesse visto, essa crítica teria ganhado 5 ou 4 estrelas, mas o fato é que assisti e não me agradou nem um pouco as modificações feitas. Principalmente as alterações na trama original que só causaram empobrecimento do roteiro e superficialidade dos personagens... Basta comparar os cartazes das duas produções. Na divulgação sueca (essa ao lado) Lisbeth é destaque já na americana (lá em cima) Lisbeth está em segundo plano... E isso não é mera coincidência! Aos que não viram o filme sueco, mesmo com todas as reclamações aqui apontadas, recomendo a versão americana, para matar a curiosidade, porque todo o brilhantismo de Stieg Larsson não habita nessa produção.


Queimou o filme: Reduzir a personagem principal dos livros a coadjuvante (pobre Lisbeth!) Diversas mudanças que causaram empobrecimento na trama original. Superficialidade e personagens diferentes do livro e versão sueca. Rooney Mara (Lisbeth) não teve a chance de mostrar seu valor. Daniel Craig teve total destaque... Stieg Larsson deve estar se revirando no túmulo com a versão americana! O diretor e o produtor que não amam as mulheres (no caso particularmente Lisbeth).

Bem na fita: Agilidade na trama e apesar de tudo o humor cítrico (riria se não estivesse decepcionada).

Sinopse: Harriet Vanger (Moa Garpendal) desapareceu há 36 anos, sem deixar pistas, em uma ilha no norte da Suécia. O local é de propriedade exclusiva da família Vanger, que o torna inacessível para a grande maioria das pessoas. A polícia jamais conseguiu descobrir o que aconteceu com a jovem, que tinha 16 anos na época do sumiço. Mesmo após tanto tempo, seu tio Henrik Vanger (Christopher Plummer) ainda está à procura e decide contratar Mikael Bomkvist (Daniel Craig), um jornalista investigativo que trabalha na revista Millennium. Bomkvist, que não está em um bom momento por enfrentar um processo por calúnia e difamação, resolve aceita a proposta e começa a trabalhar no caso. Para isso, ele vai contar com a ajuda de Lisbeth Salander (Rooney Mara), uma investigadora particular incontrolável e anti social.

Ficha Técnica

Millennium: Os homens que não amavam as mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo)
Lançamento: 2012 (Alemanha, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos)
Direção: David Fincher
Atores: Daniel Craig, Rooney Mara, Stellan Skarsgard, Robin Wright.
Duração: 158 min
Gênero: Suspense

2 opinaram:

Uma pena... queria ver esse filme...

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