Uma carta rara, escrita à mão, pelo compositor alemão apareceu na Alemanha como parte de uma herança, provocando excitação entre os amantes do gênio da música clássica. No documento, Ludwig van Beethoven reclamava de doença e de falta de dinheiro.
O Instituto Brahms, na cidade de Luebeck, no norte do país, disse que a carta de seis páginas que traz a assinatura do compositor e o selo original era, em resumo, uma tentativa de vender sua conhecida "Missa Solemnis", que ele completou em 1823.
Na carta, Beethoven pede ao harpista e compositor Franz Anton Stockhausen que o ajude a encontrar compradores para a missa.
O mais surpreendente são os detalhes sobre sua situação pessoal, como suas preocupações financeiras, uma doença ocular e uma tentativa de encontrar um dentista amante de música que havia escrito para ele, disse Stefan Weymar, pesquisador musical do instituto.
"Meu salário baixo e minha doença exigem esforços para fazer melhor fortuna", escreveu o músico na carta, que ficou amarelada com o tempo e precisa ser armazenada em condições especiais e tocada com luvas.
Ludwig van Beethoven, que tinha 53 anos quando escreveu a carta, continua dizendo que a educação de seu sobrinho era dispendiosa e que o garoto precisaria de apoio após sua morte. A escrita, que se inclina para a direita, dá a impressão de bagunçada e está repleta de correções e rabiscos.
"Beethoven não era um compositor com uma letra bonita. É espontâneo e ele escreveu coisas, então as rabiscou, seus pensamentos mudaram conforme escrevia, e é essa a impressão deixada pela carta", disse à Reuters Weymar.
No final, ele escreve: "todas as cartas a mim não precisam de nada além de 'para L. v. Beethoven em Viena', onde eu recebo tudo".
A missiva terminou nas mãos da professora de música Renate Wirth, descendente do destinatário.
"O legado é de um valor histórico extraordinário - uma sorte para o Instituto Brahms. O documento está avaliado em mais de 100.000 euros (algo em torno de R$ 230.000,00)", disse o chefe do instituto, Wolfgang Sandberger.
Nascido na cidade alemã de Bonn em 1770, Beethoven mudou-se para Viena ainda jovem e se tornou um dos compositores mais célebres de todos os tempos, abrangendo as eras clássica e romântica. Sua surdez no fim da vida tornam suas realizações musicais ainda mais surpreendentes.
O músico morreu em 1827, quatro anos depois de escrever a carta, e foi enterrado em Viena mesmo.
Sua "Sonata ao Luar" para piano e as quatro notas de abertura de sua "Quinta Sinfonia" estão entre as obras de música clássica mais conhecidas já escritas. Sua "Ode à Alegria", parte da "Nona Sinfonia", foi adotada como o Hino da Europa da União Europeia.
"O apelo de uma carta escrita à mão por Beethoven é certamente muito grande", disse Michael Ladenburger, chefe do museu Beethoven House, em Bonn, à Reuters.
Esse apelo está refletido nos leilões - uma lista de compras com apenas seis palavras foi leiloada por 60.000 euros no ano passado.
"As cartas dele eram raras e a extensão desta, com a compreensão que fornece de sua vida pessoal, torna-a de fato muito interessante", disse Ladenburger.
O Instituto Brahms exibirá a carta a partir da próxima semana.
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