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quinta-feira, 17 de junho de 2010

“Same old same”


Não é surpresa para ninguém que a última década foi derradeira para a grande indústria fonográfica, mas, nas últimas semanas, a queda nas vendas foi suficiente para desesperar os grandes barões das gravadoras. Isso porque o setor registrou quedas significativas nas vendas de até 10% em comparação com o fim do ano passado (que já foi ruim). Em 2000, por exemplo, um disco considerado sucesso (e contar nos 10 mais) na Billboard deveria vender, no mínimo, 500 mil cópias semanais. Hoje em dia os maiores sucessos comerciais não ultrapassam a marca dos 100 mil.

Entre as explicações estão a popularização da internet e a falta de artistas expressivos no mercado. Não é a toa que Lady Gaga, Beyoncé, Coldplay e Gorillaz são vistos como a salvação de um modelo ultrapassado de comércio cultural.

Em contrapartida, Thom Yorke, vocalista do Radiohead, continua a anunciar o fim das gravadoras e observa o fato como algo benéfico para as novas bandas e a música. Em 2007, a banda liberou o download do CD “In Rainbows” pelo preço que o ouvinte quisesse pagar. Reza a lenda que o lucro com a venda do CD foi exorbitante. Na mesma época, houve um embate com a EMI, ex gravadora do grupo, pelo lançamento de uma coletânea de grandes hits.
Por sinal, o lançamento de coletâneas tem sido a salvação de algumas gravadoras e artistas. Basta pensar na quantidade de materiais ao estilo “mais do mesmo” foram lançados entre 2008 e 2009. Aerosmith, Foo Fighters, Madonna e Christina Aguilera foram alguns dos principais nomes. Até novos cds tem vindo com coletâneas, exemplo disso são as edições de luxo do novo cd do Kiss e Black Eyed Peas.

Bandas que tiveram vendagem baixa (segundo as estimativas das gravadoras) saíram do circuito mundial e ficaram restritas às suas regiões de origem. Assim como aconteceu com Silverchair e The Music, por exemplo. Outra banda que corre esse risco é o MGMT. O lançamento do novo CD não foi muito bem visto e a banda não está se saindo bem nas vendas.

Entre as estratégias para conter a má fase está a das edições de luxo e os Digipacks. Um exemplo disso é a Lady Gaga. A musa do Glam pop lançou no ano passado o EP “Monster”, que na edição brasileira saiu juntamente com o CD “The Fame” em uma deluxe edition. Esta foi a terceira edição do mesmo material. Desde o primeiro lançamento do CD “The Fame” da Lady Gaga, em 2008, oito clipes foram lançados para divulgação. Pior ainda é o caso de Beyoncé, que já lançou praticamente o CD inteiro. Assim como foi feito no CD B Day, a cantora fez clipes para todas as faixas do álbum. Menor custo, maior lucratividade.

A verdade é: os lançamentos feitos por grandes gravadoras nascem datados. Não acompanham a lógica atual do mercado que exige a reinvenção dos artistas e identidade musical. O novo, proposto pelas gravadoras, está apoiado no pilar principal da década de 1980, o sexo. Em alguns momentos no excesso e em outros na falta. Basta pensar na Mrs Gaga e nos Jonas Brothers. Sendo assim, espero que a profecia anunciada por Thom Yorke se cumpra o quanto antes, e tenhamos artistas realmente livres, ao invés da psicodelia de butique que as gravadoras tem vendido.

1 opinaram:

Adorei o texto! Realmente eu fico me perguntando até quando os cds existirão... eu particularmente gosto de ter o cd em casa, mas só se tiver em promoção que compro mesmo... Achei muito interessante esse panorama sobre a indústria fonográfica! Tá de parabéns!

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