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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sai nova edição da História da literatura ocidental

O mercado editorial brasileiro nos últimos anos nos tem presenteado com verdadeiras obras-primas cujas edições haviam se esgotado há muito. No ano passado a É Realizações nos brindou com uma edição totalmente recauchutada de Como ler livros, do pedagogo americano Mortimer Jerome Adler, responsável pela grande coleção Great books of western world, verdadeiro cânone educacional em 60 volumes destinado à formação dos cidadãos modernos. No mesmo ano, a Cosac Naify ofereceu ao público brasileiro uma edição de luxo de um clássico da historiografia medieval, e mesmo de tudo o que foi publicado no século passado, o livro O outono da Idade Média, do historiador holandês Johan Huizinga. A edição, que traz uma entrevista com o famoso medievalista francês Jacques Le Goff e um ensaio do também renomado historiador Peter Burke, terminou com um sofrimento que nós leitores de língua portuguesa experimentamos há décadas, pois a única edição disponível era uma tradução portuguesa tão sem-vergonha que chegou ao acinte de traduzir o livro como O declínio da Idade Média, pervertendo in limine todo o espírito da obra. Agora, a Leya Brasil, em parceria com a Livraria Cultura, lança um box de um livro brasileiro de estatura universal, a História da literatura ocidental, de Carpeaux.


Otto Maria Carpeaux, austríaco radicado no Brasil após fugir do nazismo no final da década de 30, era muito famoso e admirado nos meios jornalísticos e literários de nosso país, ainda que sua reputação como grande crítico literário e musical não tenha sido adquirida sem muito combate. O primeiro volume de sua obra máxima foi publicado pela primeira vez em 1959 pela editora Cruzeiro e o sétimo e último em 1966, ainda que praticamente tudo tenha sido escrito pouco tempo depois de sua chegada ao Brasil. Quase uma década mais tarde, a Alhambra lançou uma edição póstuma em oito volumes corrigida pelo próprio autor. Desde então, todavia, não só o livro como praticamente tudo o que ele publicou caiu em relativo, injusto e inexplicável esquecimento.

Uma das mais relevantes e meritórias tentativas de reverter essa situação lamentável foi a do filósofo Olavo de Carvalho, cuja admiração por Carpeaux remonta, segundo suas próprias palavras, desde seus tempos de juventude. Após intenso trabalho de pesquisa, ele fez a edição do primeiro volume dos Ensaios reunidos de Carpeaux, lançado em 1999 pela Topbooks, com direito a centenas de notas e uma introdução fundamental de quase cem páginas escritas pelo próprio filósofo. (Uma espécie de balanço do valor da obra de Carpeaux e da estranha recepção que os Ensaios reunidos experimentaram pode ser lida no artigo Carpeaux nos EUA, de Olavo de Carvalho.) Havia um plano editorial para o lançamento de outros volumes, mas até o presente momento só foi lançado um outro, em 2005, já sem os trabalhos de Olavo de Carvalho. Apesar de tudo, a grande divulgação e alta consideração que o filósofo sempre nutriu por Carpeaux trouxeram de volta ao nosso mundo cultural um nome que infelizmente mal era lembrado. Daí que em 2008, quase trinta anos após a edição da Alhambra, o Conselho Editorial do Senado surpreendeu a todos ao lançar uma nova edição da História da literatura ocidental, em quatro volumes, na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A obra desde então é a mais vendida da editora, a ponto de haver limite de vendas por questões de tiragem. A edição é muito bem cuidada e vale o investimento de R$200.

É nesse contexto que a Leya Brasil também resolveu editar a obra, igualmente em quatro volumes. O assunto foi anotado pelo Estadão. Não é propriamente uma iniciativa nova, mas também não deixa de ser meritória.

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