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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Exposição "Índia" (+++++) - Por Marcelly Brandão

Hoje fui à exposição Índia, no CCBB. Com curadoria geral de Pieter Tjabbes e curadoria de arte contemporânea de Tereza de Arruda, a mostra conta com aproximadamente 380 peças, oriundas de colecionadores brasileiros e internacionais, museus e instituições culturais.

Ao chegar, fui recebida por uma escultura belíssima Ganesha, deus com corpo de menino e cabeça de elefante, senhor do começo, representante da sabedoria para enfrentar desafios e a superação de obstáculos. Ao longo das 18 salas destinadas ao evento, percebi a riqueza cultural indiana.

Foto de Raghubir Singh
Na entrada do primeiro andar, a recepção foi tão emocionante quanto no térreo. Um poema lindíssimo sobre a relação do indiano com a natureza, de Rabindranath Tagore (1861-1941).

É possível fazer uma viagem à Índia indo apenas ao centro da cidade do Rio de Janeiro. Encontrei na exposição uma sala dedicada aos trivais utensílios indianos, como copos e pratos, mostrando como eles são capazes de unir a utilidade à beleza, roupas utilizadas tanto pelos muçulmanos quanto pelos hindus, fotografias de Raghubir Singh, inclusive uma de Madre Tereza, a missionária católica naturalizada indiana, beatificada pela Igreja Católica em 2003.

Os indianos consideram sua arte de origem divina. Segundo Rabindranath Tagore, “a natureza da vida do mistério majestoso emerge da revelação constante do infinito na música”. A música é, portanto, sagrada. Mas, o envolvimento daquela cultura com o sagrado é tanto que sua música sagrada é também sua música clássica, variando apenas conforme a região da Índia: hindustani e karnatic. A hindustani, instrumental e de influência persa, característica da região norte. A karnatic (também chamada de carnatic), predominante na região sul, oriunda de antigas tradições hindus.
Foto de Raghubir Singh

A dança indiana deve ser a dança que mais exige consciência corporal do bailarino. Fiquei admirada! Amante que sou do Ballet, nunca imaginei observar uma dança tão detalhista. Todo o corpo dança. O movimento do quadril é discreto e controladíssimo. As mãos fazem gestos suaves. O pescoço acompanha o ritmo levemente. E, acreditem, sobrancelhas e olhos também entram na dança! As modalidades da dança indiana variam de acordo com os elementos da natureza: odissi (água), mohimattan (ar), kuchipudi (terra), kathakali (céu), bharata natyam (fogo). Os intrumentos são: tambura, sitar, veena, tabla, shehnai e bansuri.

A tradição oral se faz presente com o papel de destaque para o kathputli (marionetes), o kavad (santuário portátil) e as epopéias hindus Ramayana e Mahablarata. Esta última enuncia os quatro conceitos básicos do hinduísmo, isto é, os objetivos da vida: dharma (a ação correta), artha (o propósito), kama (o prazer), e moksha (liberação). Contudo, as demais religiões presentes na Índia também possuem seu espaço na exposição. Um fato curioso é a parte dedicada ao cristianismo, presente naquele país desde o século VI, através da igreja de São Tomé.

Foto de Baiju Parthan
O segundo andar da exposição é dedicado a arte contemporânea, trazendo uma sala em homenagem a chamada Bollywood e a novela “Caminho das Índias”, exibida pela Rede Globo. Fotografias em 3D de Baiju Parthan estão expostas, bem como frases de protesto como Money talks but does not remember.

A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, composto por seis religiões (islamismo, hinduísmo, budismo, janismo, cristianismo e sikhismo), com 22 línguas oficiais. Conquistou sua independência somente em agosto de 1947, dentre as consequências da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), através de uma resistência não-violenta liderada por Gandhi. Chama a atenção do mundo por ser uma economia em rápido desenvolvimento. Hoje, chama a atenção dos cariocas, pela riqueza e beleza de sua história cultural.

Texto cedido pela colaboradora Marcelly Brandão, escritora do blog http://www.marcellybrandao.blogspot.com/.

Serviço:

Índia

Data: De 12 de outubro a 29 de janeiro de 2012

Horário: Conforme programação

Local: CCBB - Térreo, 1º e 2º andares / Rua Primeiro de Março, 66 - Centro

Bilheteria: Terça a domingo, das 9h às 21h | Telefone: (21) 3808-2020

Ingressos: Entrada franca

2 opinaram:

Ótimo texto! Fiquei ainda com mais vontade de ir (não fui por falta de tempo). Obrigada pela colaboração!
Beijo

Cecilia, Obrigada!!
Vale super a pena de ir...O texto não dá conta nem de 2% da exposição. É linda!

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