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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Entrevista - Criss Sexx: Vocalista da Nympho



Quem conhece o hard rock brasileiro, com certeza já ouviu falar de Criss Sexx. O músico, vocalista da banda Nympho, é conhecido pelo som influênciado pelos anos 80.  Criss Sexx- que está na ativa a mais de 20 anos, divulgou em primeira mão ao Blah Cultural, que o seu próximo CD será lançado na Inglaterra, no início do próximo mês. . Confira um bate papo exclusivo com Criss, que além de músico, é um dos maiores colecionadores de CDs de Hard Rock do país.

Blah Cultural: Grande Criss! Tudo bom?

Criss Sexx: Agora tudo certo, Bruno! Esses últimos meses têm sido barra pesada. Muita coisa para fazer – trabalho, problemas pessoais, fora a banda e a correria para fechar o lançamento do novo CD da Nympho, que está pronto desde fevereiro, mas é assim mesmo! Agora tudo parece estar caminhando na direção certa, e parece que o estresse vai diminuir (risos).

Blah Cultural:  Você poderia contar um pouco da sua carreira como músico?

Criss Sexx: Tive a ideia de ser músico quando descobri o KISS, em 1983. Na época, eles vieram pela primeira vez ao Brasil. Foi o que realmente mudou a minha vida. Eu tinha sete anos e  ganhei o disco “Creatures Of The Night” depois de encher muito o saco dos meus pais, foi quando eu soube o que realmente queria fazer da minha vida. 

Meus pais sempre disseram que isso era uma fase, mas acho que ela dura até hoje (risos).. Ganhei uma guitarra, acho que de presente de aniversário, mas nunca tive saco para aprender realmente, e logo desisti da ideia. 

Descobri então o Mötley Crüe um ano depois e meu sonho então passou a ser o próximo Nikki Sixx. Na minha adolescência, em minhas primeiras bandas, eu era o baixista e compositor, assim como ele. Só comecei a cantar mesmo porque todos os cantores que faziam testes para a banda na época eram péssimos. Daí eu pensei: “Se é para fazer mal feito, eu mesmo faço!” (risos).

Foi assim que comecei como cantor, por falta de alguém melhor.  As formações da banda foram mudando, e logo um dos guitarristas passou a tocar baixo, e eu me concentrei nos vocais. Quando a banda acabou - na verdade, ela se transformou na primeira encarnação da Bang Bang Rock, eu já não pensava mais em tocar baixo. 

Nessa época, eu estava muito viciado em Bon Jovi também, e então aprendi alguns acordes, e me denominei guitarrista base também (risos).

Só depois de muito tempo, vi que tinha que evoluir musicalmente, tanto em meu instrumento como cantor, e hoje posso dizer que estou satisfeito com o que me tornei, embora eu ache que eu sempre possa melhorar. Sou do tipo perfeccionista, acho que tanto eu como qualquer um sempre pode melhorar. 

Blah Cultural: Quais são as suas principais influências?

Criss Sexx: Todos que me conhecem sabem que sou um colecionador de música. Meio fanático, confesso. E isso é assim desde a minha infância. Eu cresci ouvindo as bandas dos anos 80, como Kiss, Mötley Crüe, Poison, Whitesnake, Vixen, Bon Jovi, Ratt, W.A.S.P., King Kobra, Black N’ Blue, Keel. A lista é imensa!

É claro que a maioria dessas bandas, na época, era considerada “Poser”, termo muito usado no meio dos anos 80, as chamadas bandas “Glam Rock”. Nunca realmente me importei com rótulos. Até hoje compro um CD e analiso a sua capa e a foto da banda. Sempre achei a imagem algo tão importante quanto a música. As duas somadas, música e imagem é que fazem uma banda ser boa, na minha opinião. 

Até quando o termo “Poser” foi usado, eu era rotulado assim, por ouvir e tentar copiar essas bandas, tanto na imagem quanto na música que eu fazia. E não me importava de ser chamado assim, já que também rotulavam as bandas que eu tanto gostava, e que ainda gosto, dessa forma. 

Isso durou mesmo até a metade dos anos 90. Além desse lado “Glam Rock”, curto muito o estilo AOR (Album-oriented rock ) – bandas como Strangeways, Unruly Child e Survivor. Sem contar com os artistas solo como Mitch Malloy, Gilby Clarke e outros.

 Acho que hoje posso dizer que uso um pouco de cada estilo na NYMPHO. 

Blah Cultural:  Você integrou a banda Bang Bang Rock durante a década de 90. Como foi fazer hard rock, em meados dos anos 90 - com a mídia criando uma tendência  para o grunge?

Criss Sexx: Eu sempre quis ter uma banda de impacto. Isso era difícil em Petrópolis, que é a minha cidade natal, no Estado do Rio de Janeiro, ainda mais na década de 90. Antes de sermos a Bang Bang Rock éramos a Babe Bullet (se não me engano- risos), 

Depois de fazer um show, tendo que “pesar” o repertório, por causa das outras bandas que estavam no mesmo show – para nada, porque atiraram tudo o que você possa imaginar na gente, até pilhas (risos), percebi então que, pesando o som, com pilhas ou sem elas, eu deveria fazer o que eu realmente gostava. 

O guitarrista veio da Babe Bullet comigo e conseguimos outros três caras que estavam dispostos a embarcar nessa. Todos sempre com muito medo, porque sempre quis que a banda fosse diferente. Eu nunca fui um super músico e nenhum deles era também. Tínhamos mesmo que apostar na imagem. 

Ninguém entendia muito bem porque cinco caras usavam maquiagem e tocavam Rock, ainda mais em uma cidade pequena. Foram bons tempos, mas o pessoal não conseguiu aguentar a pressão, principalmente das famílias – éramos praticamente adolescentes, tínhamos compromissos com os estudos. O baterista tornou-se pai de repente. Sempre fui visto pelos pais dos outros membros como uma má influência (risos).

Daí tentamos também embarcar na onda do “grunge”, mas não deu certo. Eu simplesmente não conseguia compor naquele estilo. Foi quando começamos então, devido a um conselho dado por um cara de uma gravadora grande aqui do Brasil, a fazer as músicas em português. Só que nada estava funcionando como deveria estar, e resolvemos então acabar com a banda. 

Ainda tenho algum contato com três dos membros originais da banda, pelo facebook. Acabamos tomando rumos diferentes, tendo objetivos diferentes. Foi uma época legal, mas no final, já não era tão legal como quando começamos. Quando mudei para o Rio de Janeiro, continuei com a banda, com o baixista original e dois outros membros, mas depois de várias situações desagradáveism, percebi que tinha realmente que partir para outra. E foi o que fiz. 

Blah Cultural:  A Bang Bang Rock gravou uma demo, inclusive, com resenha em revistas especializadas em Rock. Há a possibilidade de um lançamento em CD?

Criss Sexx: Na verdade, foram quatro demos. A primeira foi em 1992, quando ainda éramos o Babe Bullet. A segunda foi a primeira a ter exposição em revistas, mas foi a terceira - a segunda da Bang Bang Rock, que chamou a atenção. Nossa quarta demo foi gravada na época em que estávamos tocando em português, já no fim da história da banda original,  onde todos já estavam brigando. Essas demos nunca foram realmente usadas. Não há a menor possibilidade de lançar qualquer um desse material em CD. 

Futuramente, ainda pretendo regravar algumas dessas músicas com a NYMPHO, da maneira adequada, pois escrevi músicas muito boas naquela época. Usamos “Without You Tonight”, uma música dessas demos no primeiro CD da NYMPHO. Talvez no próximo CD eu inclua duas ou três dessas músicas antigas com um novo arranjo. Você adivinhou o meu pensamento. (risos)

Blah Cultural:  Falando em Bang Bang Rock, a banda, tinha um visual bem trabalhado. Como surgiu a idéia de criar uma banda, com visual hard rock? Foi difícil encontrar músicos - todos já eram fãs de hard rock?

Criss Sexx: Como disse, foi meio complicado esse lance do visual. Eu nunca me importei de ser taxado do que fosse, mas o resto da banda sempre se preocupou muito com isso. Três de nós éramos fãs de Hard Rock e os outros dois, mais fãs de Classic Rock, de bandas como Uriah Heep e Queen. Enquanto foi possível, tudo rolou bem. As tensões que a banda teve (que foram poucas) nunca foram devidas ao visual.

Blah Cultural:  Você poderia contar um pouco sobre o seu trabalho solo?

Criss Sexx: Com a dissolução definitiva da segunda versão da Bang Bang Rock, em 1997, resolvi continuar tentando meu trabalho com a música, mas como um artista solo. Foram tempos bem difíceis.

Era um momento confuso, pois eu queria manter a imagem Glam, fazer um som em português, e soar como algo entre o Rock e o Pop. Gravei três CDs assim, um diferente do outro. O primeiro foi o que mais deu o que falar, em 1999. Era uma gravação profissional, poderia ter sido realmente lançado. 

Eu dei a sorte de ter a crítica desse CD publicada na revista Rock Brigade, que trazia o Kiss na capa, no mês que o Kiss veio ao Brasil na tour do “Psycho Circus”. A revista vendeu muito, pelo que fiquei sabendo, foi uma das edições da Rock Brigade mais vendidas da história. E lá estava a minha foto, visual Glam, junto com a crítica de uma demo considerada um "sub-sub Bon Jovi".(risos).

O cara que escreveu a crítica estava bem mais preocupado em falar do visual do que sobre a música – ele reparou mais nas fotos que ele mesmo qualificou como “Vem, meu bem, que eu sou gostoso” do que na música (risos). Se o que ele quis fazer foi me fazer sentir ridicularizado, repito que ele me fez um favor! Eu adorei a crítica, e graças a ela que me tornei uma figura falada no meio underground (risos)..

O segundo CD demo era para ser uma coisa mais de banda, mais fiquei extremamente frustrado com o resultado final dele. Eu realmente nem o considero como um de meus trabalhos, de tão tosco que acabou ficando. No dia que acabamos de mixar as seis músicas,  a banda se desfez. Acabei divulgando algumas dessas demos assim mesmo, e me arrependo. Duas músicas boas, e isso.  Seis faixas foram gravadas em um péssimo estúdio e havia pouco interesse da banda. Não tínhamos recursos para que o trabalho saísse, no mínimo, decente. Todas as caixas de bateria tiveram que ser refeitas nos teclados.  Prometi a mim mesmo que essa foi a última vez que faço um trabalho nessas condições. Melhor nem fazer, se for para sair ruim. 

O trauma de fazer essas gravações foi tão grande que logo depois fui fazer o CD demo “Fórmula X”, que é o mais “Pop” de todos e, entre esses CDs demos, é o meu favorito. Admito que é uma mistura de Bon Jovi com Britney Spears - que era a sensação da época, ano 2000, com um visual cópia de Bret Michaels, vocalista do Poison. Ninguém entendeu de novo! (risos). O considero sim, o melhor CD demo que fiz, em termos de composição, performance vocal e produção, mesmo sendo um CD “Pop”.

Blah Cultural:  Para o hard rock no Brasil. É mais difícil compor em português – como nos seus CDs solo, ou em inglês?

Criss Sexx: É muito mais difícil compor em português. As métricas, rimas e entonações são totalmente diferentes de quando se compõe em inglês. Qualquer artista brasileiro pode compor em inglês, basta saber a língua. Mas há uma grande diferença entre compor “bom” material em português, e material em português. 

Sempre fui muito criticado negativamente por essa fase de minha carreira, por muitos. Pelos músicos que tocaram comigo na segunda encarnação da Bang Bang Rock, pela banda que gravou comigo o segundo CD solo demo - o que saiu horrível, e por outros músicos. O curioso é que as mesmas pessoas que me criticaram na época em que gravei meu material em português, anos depois, fizeram o mesmo. Tem explicação? 

Até o pessoal do Bastardz, que sempre criticou esse material negativamente,, fizeram o mesmo no final da carreira deles. Realmente, não dá para entender. Eu sempre compus o que achei que era apropriado,  na hora apropriada. Sem me preocupar com o que achariam do material. É muito, muito engraçado ver pessoas que criticaram o meu trabalho dessa época fazendo praticamente a mesma coisa, uns dez ou quinze anos depois.  

Blah Cultural:  Você disse que o seu CD “Fórmula X”, tem uma pegada mais pop. Como foi a aceitação desse trabalho?

Criss Sexx: Como eu disse, é o meu CD demo favorito. Quando eu o gravei, eu quis fazer a mistura de Bon Jovi e Britney Spears que te falei. Não fiz esse trabalho direcionado para o público Hard Rock. Eu quis fazer na época não só alguma coisa totalmente diferente do que eu já tinha feito. Por exemplo, nunca tinha usado loops e baterias programadas antes. 

Era algo para um público diferente, que não tivesse o menor contato com o Hard Rock. Era também o som que era  popular no momento. Resolvi tentar. Algumas pessoas,  de gravadoras grandes daqui, ouviram o material na época, e gostaram dele. Mas aqui no Brasil é assim – se você não tem alguém bancando os custos, você não consegue realizar nada. 

É só virar e ver algumas das bandas que “explodiram de repente” por aqui. A maioria delas não têm qualquer talento musical, mas têm  dinheiro. Não tem como competir com elas. As oportunidades por aqui, na verdade, não surgem, elas são compradas. 

Respondendo a sua pergunta – quem me conhecia como um músico de Hard Rock detestou as músicas. Quem nunca tinha ouvido falar de mim, gostou delas.  Acho que posso dizer que atingi o objetivo que eu queria – que pessoas que não tinham qualquer envolvimento com o estilo que eu tocava antes gostassem das músicas, e também foi a primeira vez que recebi boas críticas de uma grande gravadora, mesmo que a mesma não tenha lançado o material, por falta do MEU dinheiro (risos).

Blah Cultural: Você falou do Bastardz.  Como aconteceu o convite para tocar com eles?

Criss Sexx: Eu estava começando a divulgar o “Fórmula X” por aí, o ano era 2000. Um dos membros originais da banda veio ao Rio para o Rock In Rio, e me fez o convite. Nunca me esquecerei das palavras dele: “você topa formar uma banda que seja mais glam do que o Tigertailz e o Pretty Boy Floyd juntos?” 

Foi quando meio que deixei de me concentrar no meu próprio projeto para tocar com eles.  Éramos todos músicos toscos, mas havia muita paixão no que fazíamos, posso falar por todos os membros da banda.  Posso dizer com orgulho que fomos os primeiros aqui no Brasil a fazer “Glam Rock” de verdade, desde o meio dos anos 80. Também tenho orgulho de poder dizer que a maioria de nossos shows estavam sempre cheio. Lembro-me especialmente do primeiro: O local estava entupido de gente, e ainda tinha mais gente do lado de fora querendo entrar, mas não cabia mais ninguém. 

Foi uma época bem legal, mas que, aos poucos, foi se desgastando, resultando em brigas de egos e diferenças musicais. Lembro-me que foi muito tenso gravar o primeiro CD, que acabou não saindo, pois nos separamos assim que ele ficou pronto. A banda queria seguir outro caminho, na época o “New Glam”, feito por bandas como Hardcore Superstar. Sempre deixei bem claro que não era a minha, e que não era a proposta inicial da banda. 

Eu acabei saindo porque o CD, que foi produzido por mim,  acabou soando como Ratt e Guns N’ Roses, e eles queriam que soasse como o CD do Mötley Crüe com o John Corabi. Eu adoro esse CD, mas não queria fazer um CD soando daquele jeito. No final das contas, nos acertamos, eles regravaram e remixaram o CD com outro vocalista, e eu acabei lançando essas gravações, com algumas faixas bônus como CD solo, apropriadamente titulado “Bastard Barbie" (risos) – em janeiro de 2009, pelo selo americano Retrospect Records.  

Blah Cultural: Era muito difícil conciliar uma banda no Rio - no caso você era vocalista do Poison Cover carioca, e o Bastardz - em São Paulo?

Criss Sexx: Não muito. Eu sempre consegui conciliar as duas bandas. Era sim, muito exaustivo ter que ir para São Paulo e voltar para o Rio de Janeiro, no caso do Bastardz, sem ganhar um centavo por isso.

Apenas um dos membros do Poison Cover não gostava da ideia de eu fazer parte das duas bandas. No final das contas, saí do Bastardz e o Poison Cover acabou (risos).

Sempre digo que gostaria de fazer um revival do Poison Cover, que tínhamos, pois era muito bom. Talvez com um ou dois membros diferentes. Posso afirmar que nunca ouvi uma banda cover de Poison soar tão parecido com o Poison, e incluo na lista bandas lá de fora. 

Blah Cultural: Sobre a sua atual banda, a NYMPHO. Como surgiu a parceria com o selo norte americano Perris Records?

Criss Sexx:  Depois de todo o problema que tive no final dos meus dias com o Bastardz, eu tinha realmente resolvido parar de tocar. Bandas dão muito trabalho. É como estar casado com mais três ou quatro pessoas ao mesmo tempo. Em uma de minhas viagens para ver um show em São Paulo, um baixista do Rio de Janeiro  me abordou e cogitou a formação de uma nova banda. Não aceitei logo de cara, pois estava ainda meio recente para mim todo o rolo que deu no Bastardz. 

Algumas semanas depois, o mesmo cara entrou em contato comigo, dizendo que tinha um guitarrista “lindo” como o Richie Kotzen. Lembro-me claramente de ter perguntado se ele tocava bem, e ele respondeu que não sabia, mas que o cara era “lindo” (risos). 

Eu conhecia o Pablo Pinheiro (baterista) que está conosco até hoje. Ele frequentava os ensaios do Poison Cover, pois era amigo do baterista da banda. Eu entrei em contato com ele e ele decidiu tentar uns dois ensaios, para ver o que acontecia. De cara, vimos que esse guitarrista “lindo” não encaixaria na banda, pois eu, como guitarrista base, tocava melhor do que ele (risos).

O Pablo então trouxe o Dick, guitarrista original da banda, que encaixou perfeitamente para o que queríamos fazer. De repente, o cara que começou isso tudo, o baixista, deixou a banda, e foi quando o Olavo Barroka entrou na NYMPHO, também descoberto pelo Pablo. 

A química musical e a amizade que criamos rolaram muito bem e muito rapidamente. Logo começamos a fazer pequenos shows, em lugares bem toscos, depois alguns em outros lugares melhorzinhos, e durante esse tempo eu já tinha composto o nosso primeiro CD. 

Entramos em estúdio e acredito que finalizamos todo o processo, inclusive o lançamento do CD pela Perris Records, em uns seis meses. “V.I.P – Very Indecent People” saiu nos Estados Unidos, com distribuição mundial, em Março de 2009. 

Logo depois do show de lançamento do CD, tudo pareceu retroceder. Os shows que pintavam, pararam de pintar, deixamos de tocar em algumas ocasiões pois os organizadores dos eventos pensavam que, por termos um CD lançado lá fora, pediríamos uma grana alta por uma apresentação. Tudo isso causou um desgaste gigantesco na banda, resultando na saída do guitarrista original, Dick.

Ele saiu da banda em bons termos, ainda somos amigos. A venda de CDs aqui no Brasil foi boa (só eu vendi uns trezentos). O disco ainda está disponível com a banda, ou pelo selo, que não fez qualquer promoção lá fora, embora o tenha distribuído para grandes lojas como a Amazon, por exemplo. Se você catar na internet, você poderá achar o CD sendo vendido em diversos sites dos Estados Unidos, Europa e até no Japão.  

Blah Cultural:  Como vocês chegaram até o atual guitarrista, Eric Prouvot?

Criss Sexx: Quando o Dick saiu da banda, foi realmente um balde de água fria para nós. Testamos alguns bons demais para ficar na banda, e alguns ruins demais também.  O Eric foi trazido para a NYMPHO pelo Olavo (baixista). Eles eram amigos de infância, eu acho, ou pelo menos tocaram juntos em uma banda chamada “Ursinho Zezé” (risos),  até hoje ainda não ouvi as músicas dessa banda que eles tiveram, morro de curiosidade em ouvi-las! 

Ele é, com certeza, uma das peças chave para o novo som da NYMPHO.  Talvez Eric não seja o melhor guitarrista técnico com quem eu já tenha tocado, mas de forma geral, é o melhor guitarrista com quem tive o prazer de tocar. Espero tê-lo na banda para sempre. Ele é uma pessoa incrível, não arruma confusão, além de ser um grande guitarrista.

Eric, quando você ler essa entrevista, lembre-se: COMPONHA ALGO PARA O PRÓXIMO CD!!!!!! Você é incrível, amigo!!!!!! 

Blah Cultural:   A NYMPHO acaba de gravar o álbum “Alone In The Dark”. Você poderia contar um pouco a respeito?

Criss Sexx: Começamos a gravar o disco em janeiro de 2011. Desde o primeiro dia de gravações, até o último dia de mixagem, de até depois de tudo isso, a experiência foi um grande pesadelo. Eu já tinha o álbum todo composto, e tínhamos na época um grande guitarrista conosco. Ele e o cara do estúdio, de cara, não foram com a cara um do outro. Daí tive a ideia de gravar todo o disco e deixar as partes do guitarrista para o final. 


Foi uma das decisões mais sábias que eu tomei em toda a minha vida. Logo após a primeira sessão de gravações das guitarras, houve um grande problema com o cara do estúdio. Problema resolvido, mas a tensão continuou. Tivemos um problema muito sério com o cara do estúdio e, no meio das gravações, rompemos com ele. A banda ficou muito desmotivada com tudo isso.

O orçamento para fazer o disco, devido à troca de estúdios, praticamente duplicou. Nesse meio tempo, o guitarrista decidiu sair da banda. Ele simplesmente enviou uma mensagem de texto para o Pablo e disse “estou fora”. Eu compreendi que ele não  aguentava mais a pressão e os perrengues que estávamos passando a meses. De volta à estaca zero novamente – achar outro guitarrista. 

O Eric foi, certamente, enviado por Deus. Ele aprendeu todo o repertório antigo e o repertório do novo CD em tempo que nunca antes tinha visto qualquer guitarrista fazer igual. Com o orçamento mais do que apertado, terminamos as gravações no conceituado estúdio HR, aqui do Rio de Janeiro, e tenho muito a agradecer ao Flávio Pascarillo pela ajuda que ele me deu para finalizar as gravações de guitarra, e ao Olavo, pois se não fosse ele, não teríamos condições de terminar o disco. 

Voltando ao Eric, ele e eu arranjamos todos os solos do disco minuciosamente em três dias. Ele sempre será merecedor do meu respeito como músico, pois gravou todas as suas partes de base e solo em apenas dois dias. Nós, os vocalistas e guitarristas somos famosos por termos um grande ego. Lembro-me claramente de todo o esforço e dedicação que ele fez para gravar as músicas em tempo recorde. No final das gravações de suas partes, ele chegou para mim e disse, com essas palavras: “Obrigado. Sem a sua ajuda eu não teria conseguido fazer o que acabei de fazer.”.Esse é o Eric, um grande guitarrista com um ego inexistente. 

Eu sempre me lembrarei desse momento, e o agradeço agora, publicamente, em ter confiado em mim e ter seguido as minhas instruções, pois eu produzi o disco. Depois disso veio a mixagem, onde o  Flávio Pascarillo foi de extrema importância também, pois me ajudou bastante com a mixagem do disco . O CD foi masterizado por Joseph Stones, um dos melhores amigos, e eu. Também devo muito a ele. 

Vieram então as partes de finalização do CD, como fotos e arte gráfica. Leandro Moura (Wolfgang Steeler) foi incrivelmente profissional nesses quesitos. O considero como um irmão, de verdade. E a modelo da capa do novo disco, Bruna Amâncio. Ela foi simplesmente incrível. Ela deveria estar trabalhando no ramo, de verdade. Foi muito mais difícil lançar esse disco do que o primeiro, e também o meu disco solo. 

Cada vez está mais difícil lançar um trabalho lá fora. Recebemos uma proposta de uma grande gravadora da Europa, mas o contrato que nos foi oferecido foi simplesmente ridículo, em termos de pagamento para a banda. Deixamos isso para lá e resolvemos lançar o CD por nós mesmos. O disco sai no dia 15 de junho na Europa, com distribuição mundial pela MUSIC BUY MAIL. 

Uma pessoa que tem me apoiado desde antes mesmo da finalização do CD é o grande produtor americano Jack Ponti, famoso por seu trabalho com Alice Cooper, Baton Rouge, Doro e outros grandes artistas. Ele mesmo se ofereceu para escrever uma nota em nosso CD “Alone In The Dark”, que todos poderão ver quando o mesmo estiver no mercado!

Blah Cultural:  Quais são os planos da NYMPHO para 2012?

Criss Sexx: Tocar em qualquer lugar e em todos os lugares. No Brasil e, se tivermos sorte, fora daqui também. Já estou fazendo alguns contatos, tudo é possível. O grande problema, como sempre, é o apoio que é dado às bandas daqui pelos próprios brasileiros. Uma prova disso é a porcentagem brutalmente diferente de pessoas que curtem a nossa página Nympho Rocks no Facebook, há muito mais pessoas que apoiam a banda lá de fora, dos mais diversos países, do que pessoas que deveriam apoiar-nos em nosso próprio país. 

Modéstia à parte, você ouve as nossas músicas e dificilmente acredita que somos uma banda brasileira. Somos respeitados por isso lá fora. Estamos tendo execução de nossas músicas em rádios da internet do Estados Unidos, Inglaterra e Espanha. Há algum tempo, fui contactado por uma rádio da internet, americana, para uma entrevista ao vivo por telefone, que pode ser achada facilmente no YouTube. 

Eu consegui um “endorsement” da companhia americana In Tune Guitar Picks – somos a brimeira banda brasileira a ser patrocinados por eles, e eles fabricam as palhetas de bandas como Alice Cooper, Mötley Crüe, Twisted Sister e outras grandes bandas. 

Meus planos é levar a NYMPHO para outro nível de banda, sair do nível “banda de garagem”. Trabalhamos muito para isso. Só precisamos de um pouco de sorte e de promoters que levem a banda aos mais diversos lugares. Já tenho algumas músicas compostas para um terceiro álbum da NYMPHO, mas não vejo isso acontecendo em um futuro próximo, pois vamos nos concentrar em tocar, assim que o CD “Alone In The Dark” estiver no mercado. 

Blah Cultural:  E quanto aos rockstars. Como surgiu a idéia de tirar foto com os seus ídolos?

<< Criss + Axl Rose. 

Criss Sexx: Sempre fui um colecionador fanático das bandas que eu gosto. Já disse em outras entrevistas que acho que o artista tem a obrigação de atender um fã de verdade. Sem esses fãs, eles não seriam nada. 
Uma vez me senti extremamente ofendido quando uma menina no facebook me enviou uma mensagem e disse: “Legal, podemos ser amigos?  Também sou uma Picture Hunter (caçadora de 
 fotos com artistas). 
 
Eu não sou uma dessas pessoas. Eu só vou atrás de bandas que eu realmente gosto, não sou como um cento de mulambos que aparecem de repente e não possuem um só disco do artista, tirando a vez dos fãs de verdade. 

Eu mesmo me senti lisonjeado quando fui à Inglaterra no ano passado e lá fui reconhecido. Tirei fotos com algumas meninas que me reconheceram em Candem Town. Também fiquei orgulhoso de ser abordado por um cara americano, fora do país dele, que disse “vi no facebook que você estaria aqui na Inglaterra. Você pode assinar os meus CDs?”. Isso realmente não tem preço. É uma sensação que não dá para descrever, encontrar alguém que aprecia realmente o seu trabalho. 

Aqui no Brasil, por mais que as pessoas do meio curtam o que você faz, elas simplesmente não dão o menor valor, por você ser brasileiro também. A cultura desse país é assim mesmo. Fazer o que? Eu não teria o menor problema em abordar um artista brasileiro que eu admirasse para uma foto e um autógrafo. Mas na verdade, a falta de artistas brasileiros com talento é incrível. 

Blah Cultural:  Das celebridades, que você conheceu. Qual foi a mais legal? E a mais arrogante? Sei daquela história com o Bon Jovi...

< Criss + Bon Jovi, nos anos 90

Criss Sexx:  (risos). Não tem como dizer quem foi o mais legal. Muitos deles foram excelentes, pessoas extraordinárias. Alguns deles foram o Alice Cooper e banda, alguns membros do Whitesnake, Ted Poley,  Jimi Jamison,  Keri Kelli, Doro e a banda dela,  Taime Downe (Faster Pussycat), Todd Chaisson (Tuff), Gilby Clarke, Steven Adler, Chip Z’ Nuff, alguns dos membros do novo Guns N’ Roses, como DJ Ashba e Ron “Bumblefoot” Tall, James Lomenzo, Joe Lynn Turner, John Corabi, Arnel Pineda e Jonathan Cain (Journey), Billy Sheehan (Mr. Big), Simon Daniels (ex-Jailhouse e atual Flood), Brent Fitz, alguns membros do Twisted Sister, todos os membros do Firehouse, Tyketto, House Of Lords e White Lion. Não posso deixar de mencionar o Roxette, cujos membros foram os mais gentis de todos os tempos. Alguns deles, incluindo a cantora Marie Friedrikssen, lembrou de mim na segunda vez que nos encontramos, me tratando de igual para igual. 

Na Inglaterra tive o prazer de conhecer grandes artistas, que mais do que isso, também são pessoas excepcionais, como Gerry Laffy (Girl), Steevie Jaimz (Tigertailz), todos os membros da banda Strangeways, Serpentine e Unruly Child, Jesse Damon e Mark Hawkins (Silent Rage), Kane Roberts e Mitch Malloy. Lá fora você é tratado de igual para igual, não é como aqui no Brasil, onde muitos artistas chegam com tanta empáfia que fazem questão de ignorar ou maltratar os fãs. 

Nessa categoria, dos mais arrogantes, sem dúvidas o Paul Stanley do Kiss, Blackie Lawless do W.A.S.P.e  a Avril Lavigne, que nem se quer quiseram qualquer tipo de contato, sem falar da famosa história do Jon Bon Jovi que muitos já conhecem (risos), mas com certeza, a maior decepção de todas foi com os caras do Mötley Crüe, tirando o Mick Mars, que foi fenomenal.

(Nota do Redator: Reza a lenda que Criss Sexx encontrou Jon Bon Jovi, e o mesmo teria assinado seu CD de cabeça para baixo. Na segunda vez, o cantor foi correr na praia de Ipanema e não quis tirar fotos. Criss foi flagrado por um fotógrafo do G1, próximo a Bon Jovi em seu cooper).

Blah Cultural:  E o futuro do Criss Sexx e da NYMPHO?

Criss Sexx: Como disse antes, pretendo levar a NYMPHO para um outro nível de banda, mas preciso de sorte e investimento de terceiros para que isso aconteça. Definitivamente, sem ser arrogante, não nos considero mais uma “banda de garagem”, embora estejamos longe de ser uma grande banda, não quero parecer arrogante, mas já estamos juntos há seis anos. 


Vamos ver como será a aceitação do novo CD “Alone In The Dark”... Planos, tenho muitos. Nos próximos meses gravaremos o vídeo para o single do novo disco, para a faixa “Rock Me Hard”, e talvez para mais uma ou duas músicas do disco. Tenho algumas entrevistas de rádio e revista agendadas para veículos dos Estados Unidos e Inglaterra também. 
 
Blah Cultural:  Criss, muito obrigado por essa entrevista. Você poderia mandar um recado, para todos os que estão lendo essa entrevista?

Criss Sexx: Primeiramente, gostaria de agradecer a você, Bruno, pela oportunidade dessa entrevista para o Blah Cultural. É a primeira entrevista de divulgação para o nosso novo CD, “Alone In The Dark”. 

Gostaria de agradecê-lo também por todos esses anos que você vem me apoiando em todos os projetos em que estive envolvido. A NYMPHO é, com certeza, o melhor deles. Quero agradecer também à banda, Olavo, Pablo e Eric por serem um grande time. 

Mais agradecimentos a todos aqueles de que, de alguma forma, apoiaram a mim ou a NYMPHO nesses últimos meses conturbados antes do lançamento de “Alone In The Dark”. Gostaria de agradecer a todos aqueles que fizeram e mantem contato comigo pelo facebook, especialmente aos que curtiram a nossa página lá. 

Por favor, continuem apoiando a banda, ninguém jamais será esquecido. Deixo o recado também para promoters e organizadores de eventos do Rio de Janeiro e de todo o Brasil que se interessem em trabalhar com a NYMPHO. É só entrarem contato! Grande abraço para todos, Rock On!

Contatos com a Nympho:



(Nympho)

1 opinaram:

pois e quem diria achei essa entrevista super legal e essa trajetoria do criss conheço bem e lembro bem da galera do Bang bang rock passa rapido tudo mas a musica nao pode parar Hard rock sempre . Olavo de Petropolis voce sabe quem e .viver de Musica e uma barra mesmo .

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