Quem conhece o hard rock brasileiro, com certeza já ouviu falar de Criss Sexx. O músico, vocalista da banda Nympho, é conhecido pelo som influênciado pelos anos 80. Criss Sexx- que está na ativa a mais de 20 anos, divulgou em primeira mão ao Blah Cultural, que o seu próximo CD será lançado na Inglaterra, no início do próximo mês. . Confira um bate papo exclusivo com Criss, que além de músico, é um dos maiores colecionadores de CDs de Hard Rock do país.
Blah Cultural: Grande Criss! Tudo bom?
Criss Sexx: Agora tudo certo, Bruno! Esses últimos meses têm sido barra
pesada. Muita coisa para fazer – trabalho, problemas pessoais, fora a banda e a
correria para fechar o lançamento do novo CD da Nympho, que está pronto desde
fevereiro, mas é assim mesmo! Agora tudo parece estar caminhando na direção
certa, e parece que o estresse vai diminuir (risos).
Blah Cultural: Você poderia contar um pouco da sua carreira como músico?
Criss Sexx: Tive a ideia de ser músico quando descobri o KISS, em 1983. Na época, eles vieram pela primeira vez ao Brasil. Foi o que realmente mudou a
minha vida. Eu tinha sete anos e ganhei o disco “Creatures
Of The Night” depois de encher muito o saco dos meus pais, foi quando eu soube o que realmente queria fazer da minha vida.
Meus pais sempre disseram que isso era
uma fase, mas acho que ela dura até hoje (risos).. Ganhei uma guitarra, acho que
de presente de aniversário, mas nunca tive saco para aprender realmente, e logo
desisti da ideia.
Descobri então o Mötley Crüe um ano depois e meu sonho então
passou a ser o próximo Nikki Sixx. Na minha adolescência, em minhas primeiras
bandas, eu era o baixista e compositor, assim como ele. Só comecei a cantar
mesmo porque todos os cantores que faziam testes para a banda na época eram
péssimos. Daí eu pensei: “Se é para fazer mal feito, eu mesmo faço!” (risos).
Foi
assim que comecei como cantor, por falta de alguém melhor. As formações da banda foram mudando, e logo
um dos guitarristas passou a tocar baixo, e eu me concentrei nos vocais. Quando
a banda acabou - na verdade, ela se transformou na primeira encarnação da Bang
Bang Rock, eu já não pensava mais em tocar baixo.
Nessa época, eu estava muito
viciado em Bon Jovi também, e então aprendi alguns acordes, e me denominei
guitarrista base também (risos).
Só depois de muito tempo, vi que tinha que
evoluir musicalmente, tanto em meu instrumento como cantor, e hoje posso dizer
que estou satisfeito com o que me tornei, embora eu ache que eu sempre possa
melhorar. Sou do tipo perfeccionista, acho que tanto eu como qualquer um sempre
pode melhorar.
Blah Cultural: Quais são as suas principais influências?
Criss Sexx: Todos que me conhecem sabem que sou um colecionador de
música. Meio fanático, confesso. E isso é assim desde a minha infância. Eu
cresci ouvindo as bandas dos anos 80, como Kiss, Mötley Crüe, Poison,
Whitesnake, Vixen, Bon Jovi, Ratt, W.A.S.P., King Kobra, Black N’ Blue, Keel. A lista é imensa!
É claro que a maioria dessas bandas, na época, era
considerada “Poser”, termo muito usado no meio dos anos 80, as chamadas bandas
“Glam Rock”. Nunca realmente me importei com rótulos. Até hoje compro
um CD e analiso a sua capa e a foto da banda. Sempre achei a imagem algo tão
importante quanto a música. As duas somadas, música e imagem é que fazem uma
banda ser boa, na minha opinião.
Até quando o termo “Poser” foi usado, eu era
rotulado assim, por ouvir e tentar copiar essas bandas, tanto na imagem quanto
na música que eu fazia. E não me importava de ser chamado assim, já que também
rotulavam as bandas que eu tanto gostava, e que ainda gosto, dessa forma.
Isso
durou mesmo até a metade dos anos 90. Além desse lado “Glam Rock”, curto muito
o estilo AOR (Album-oriented rock ) – bandas como Strangeways, Unruly Child e Survivor. Sem contar com os artistas solo como Mitch
Malloy, Gilby Clarke e outros.
Acho que hoje posso dizer que uso um pouco de
cada estilo na NYMPHO.
Blah Cultural: Você integrou a banda Bang Bang Rock durante a década de
90. Como foi fazer hard rock, em meados dos anos 90 - com a mídia criando uma
tendência para o grunge?
Criss Sexx: Eu sempre quis ter uma banda de impacto. Isso era difícil em
Petrópolis, que é a minha cidade natal, no Estado do Rio de Janeiro, ainda mais
na década de 90. Antes de sermos a Bang Bang Rock éramos a Babe Bullet (se não
me engano- risos),
Depois de fazer um show, tendo que “pesar” o repertório, por
causa das outras bandas que estavam no mesmo show – para nada, porque atiraram
tudo o que você possa imaginar na gente, até pilhas (risos), percebi então que,
pesando o som, com pilhas ou sem elas, eu deveria fazer o que eu
realmente gostava.
O guitarrista veio da Babe Bullet comigo e conseguimos
outros três caras que estavam dispostos a embarcar nessa. Todos sempre com
muito medo, porque sempre quis que a banda fosse diferente. Eu nunca fui um
super músico e nenhum deles era também. Tínhamos mesmo que apostar na imagem.
Ninguém entendia muito bem porque cinco caras usavam maquiagem e tocavam Rock,
ainda mais em uma cidade pequena. Foram bons tempos, mas o pessoal não
conseguiu aguentar a pressão, principalmente das famílias – éramos praticamente
adolescentes, tínhamos compromissos com os estudos. O baterista tornou-se pai
de repente. Sempre fui visto pelos pais dos outros membros como uma má
influência (risos).
Daí tentamos também
embarcar na onda do “grunge”, mas não deu certo. Eu simplesmente não conseguia
compor naquele estilo. Foi quando começamos então, devido a um conselho dado
por um cara de uma gravadora grande aqui do Brasil, a fazer as músicas em
português. Só que nada estava funcionando como deveria estar, e resolvemos
então acabar com a banda.
Ainda tenho algum contato com três dos membros
originais da banda, pelo facebook. Acabamos tomando rumos diferentes, tendo
objetivos diferentes. Foi uma época legal, mas no final, já não era tão legal
como quando começamos. Quando mudei para o Rio de Janeiro, continuei com a
banda, com o baixista original e dois outros membros, mas depois de várias
situações desagradáveism, percebi que tinha realmente que partir para outra. E
foi o que fiz.
Blah Cultural: A Bang Bang Rock gravou uma demo, inclusive, com resenha
em revistas especializadas em Rock. Há a possibilidade de um lançamento em CD?
Criss Sexx: Na verdade, foram quatro demos. A primeira foi em 1992,
quando ainda éramos o Babe Bullet. A segunda foi a primeira a ter exposição em
revistas, mas foi a terceira - a segunda da Bang Bang Rock, que chamou a
atenção. Nossa quarta demo foi gravada na época em que estávamos tocando em
português, já no fim da história da banda original, onde todos já estavam
brigando. Essas demos nunca foram realmente usadas. Não há a menor
possibilidade de lançar qualquer um desse material em CD.
Futuramente, ainda
pretendo regravar algumas dessas músicas com a NYMPHO, da maneira adequada,
pois escrevi músicas muito boas naquela época. Usamos “Without You Tonight”,
uma música dessas demos no primeiro CD da NYMPHO. Talvez no próximo CD eu
inclua duas ou três dessas músicas antigas com um novo arranjo. Você adivinhou
o meu pensamento. (risos)
Blah Cultural: Falando em Bang Bang Rock, a banda, tinha um visual bem
trabalhado. Como surgiu a idéia de criar uma banda, com visual hard rock? Foi
difícil encontrar músicos - todos já eram fãs de hard rock?
Criss Sexx: Como disse, foi meio complicado esse lance do visual. Eu
nunca me importei de ser taxado do que fosse, mas o resto da banda sempre se
preocupou muito com isso. Três de nós éramos fãs de Hard Rock e os outros dois,
mais fãs de Classic Rock, de bandas como Uriah Heep e Queen. Enquanto foi
possível, tudo rolou bem. As tensões que a banda teve (que foram poucas) nunca
foram devidas ao visual.
Blah Cultural: Você poderia contar um pouco sobre o seu trabalho solo?
Criss Sexx: Com a dissolução definitiva da segunda versão da Bang Bang
Rock, em 1997, resolvi continuar tentando meu trabalho com a música, mas como
um artista solo. Foram tempos bem difíceis.
Era um momento confuso, pois eu
queria manter a imagem Glam, fazer um som em português, e soar como algo
entre o Rock e o Pop. Gravei três CDs assim, um diferente do outro. O primeiro
foi o que mais deu o que falar, em 1999. Era uma gravação profissional, poderia
ter sido realmente lançado.
Eu dei a sorte de ter a crítica desse CD publicada
na revista Rock Brigade, que trazia o Kiss na capa, no mês que o Kiss veio ao
Brasil na tour do “Psycho Circus”. A revista vendeu muito, pelo que fiquei
sabendo, foi uma das edições da Rock Brigade mais vendidas da história. E lá estava a minha foto, visual Glam, junto com a crítica de uma
demo considerada um "sub-sub Bon Jovi".(risos).
O cara que escreveu a crítica
estava bem mais preocupado em falar do visual do que sobre a música – ele
reparou mais nas fotos que ele mesmo qualificou como “Vem, meu bem, que eu sou
gostoso” do que na música (risos). Se o que ele quis fazer foi me fazer sentir
ridicularizado, repito que ele me fez um favor! Eu adorei a crítica, e graças a
ela que me tornei uma figura falada no meio underground (risos)..
O
segundo CD demo era para ser uma coisa mais de banda, mais fiquei extremamente
frustrado com o resultado final dele. Eu realmente nem o considero como um de
meus trabalhos, de tão tosco que acabou ficando. No dia que acabamos de mixar
as seis músicas, a banda se desfez. Acabei divulgando algumas dessas demos
assim mesmo, e me arrependo. Duas músicas boas, e isso. Seis faixas foram gravadas em um péssimo estúdio e havia pouco interesse da banda. Não tínhamos recursos para que o trabalho
saísse, no mínimo, decente. Todas as caixas de bateria tiveram que ser refeitas
nos teclados. Prometi a mim mesmo que
essa foi a última vez que faço um trabalho nessas condições. Melhor nem fazer,
se for para sair ruim.
O trauma de fazer essas gravações foi tão grande que
logo depois fui fazer o CD demo “Fórmula X”, que é o mais “Pop” de todos e,
entre esses CDs demos, é o meu favorito. Admito que é uma mistura de Bon Jovi com
Britney Spears - que era a sensação da época, ano 2000, com um visual cópia de Bret
Michaels, vocalista do Poison. Ninguém entendeu de novo! (risos). O considero sim, o
melhor CD demo que fiz, em termos de composição, performance vocal e produção,
mesmo sendo um CD “Pop”.
Blah Cultural: Para o hard rock no Brasil. É mais difícil compor em
português – como nos seus CDs solo, ou em inglês?
Criss Sexx: É muito mais difícil compor em português. As métricas, rimas
e entonações são totalmente diferentes de quando se compõe em inglês. Qualquer
artista brasileiro pode compor em inglês, basta saber a língua. Mas há uma
grande diferença entre compor “bom” material em português, e material em
português.
Sempre fui muito criticado negativamente por essa fase de minha
carreira, por muitos. Pelos músicos que tocaram comigo na segunda encarnação da
Bang Bang Rock, pela banda que gravou comigo o segundo CD solo demo - o que saiu
horrível, e por outros músicos. O curioso é que as mesmas pessoas que me
criticaram na época em que gravei meu material em português, anos depois,
fizeram o mesmo. Tem explicação?
Até o pessoal do Bastardz, que sempre criticou esse
material negativamente,, fizeram o mesmo no final da carreira deles.
Realmente, não dá para entender. Eu sempre compus o que achei que era
apropriado, na hora apropriada. Sem me preocupar com o que achariam do material.
É muito, muito engraçado ver pessoas que criticaram o meu trabalho dessa época
fazendo praticamente a mesma coisa, uns dez ou quinze anos depois.
Blah Cultural: Você disse que o seu CD “Fórmula X”, tem uma pegada mais pop. Como foi a
aceitação desse trabalho?
Criss Sexx: Como eu disse, é o meu CD demo favorito. Quando eu o gravei,
eu quis fazer a mistura de Bon Jovi e Britney Spears que te falei. Não fiz esse
trabalho direcionado para o público Hard Rock. Eu quis fazer na época não só
alguma coisa totalmente diferente do que eu já tinha feito. Por exemplo, nunca tinha usado
loops e baterias programadas antes.
Era algo para um
público diferente, que não tivesse o menor contato com o Hard Rock. Era também
o som que era popular no momento. Resolvi tentar. Algumas pessoas, de gravadoras grandes daqui, ouviram o material
na época, e gostaram dele. Mas aqui no Brasil é assim – se você não tem alguém
bancando os custos, você não consegue realizar nada.
É só virar e ver algumas
das bandas que “explodiram de repente” por aqui. A maioria delas não têm qualquer
talento musical, mas têm dinheiro. Não
tem como competir com elas. As oportunidades por aqui, na verdade, não surgem,
elas são compradas.
Respondendo a sua pergunta – quem me conhecia como um
músico de Hard Rock detestou as músicas. Quem nunca tinha ouvido falar de mim,
gostou delas. Acho que posso dizer que
atingi o objetivo que eu queria – que pessoas que não tinham qualquer
envolvimento com o estilo que eu tocava antes gostassem das músicas, e também
foi a primeira vez que recebi boas críticas de uma grande gravadora, mesmo que
a mesma não tenha lançado o material, por falta do MEU dinheiro (risos).
Blah Cultural: Você falou do Bastardz. Como aconteceu o convite para tocar com eles?
Criss Sexx: Eu estava começando a divulgar o “Fórmula X” por aí, o ano
era 2000. Um dos membros originais da banda veio ao Rio para o Rock In Rio, e
me fez o convite. Nunca me esquecerei das palavras dele: “você topa formar uma
banda que seja mais glam do que o Tigertailz e o Pretty Boy Floyd juntos?”
Foi quando meio que deixei de me concentrar no meu próprio projeto para tocar
com eles. Éramos todos músicos toscos,
mas havia muita paixão no que fazíamos, posso falar por todos os membros da
banda. Posso dizer com orgulho que fomos
os primeiros aqui no Brasil a fazer “Glam Rock” de verdade, desde o meio dos
anos 80. Também tenho orgulho de poder dizer que a maioria de nossos shows
estavam sempre cheio. Lembro-me especialmente do primeiro: O local estava
entupido de gente, e ainda tinha mais gente do lado de fora querendo entrar,
mas não cabia mais ninguém.
Foi uma
época bem legal, mas que, aos poucos, foi se desgastando, resultando em brigas
de egos e diferenças musicais. Lembro-me que foi muito tenso gravar o primeiro
CD, que acabou não saindo, pois nos separamos assim que ele ficou pronto. A
banda queria seguir outro caminho, na época o “New Glam”, feito por bandas como
Hardcore Superstar. Sempre deixei bem claro que não era a minha, e que não era
a proposta inicial da banda.
Eu acabei saindo porque o CD, que foi produzido por mim,
acabou soando como Ratt e Guns N’ Roses, e eles queriam que soasse como o CD do
Mötley Crüe com o John Corabi. Eu adoro esse CD, mas não queria fazer um CD
soando daquele jeito. No final das contas, nos acertamos, eles regravaram e
remixaram o CD com outro vocalista, e eu acabei lançando essas gravações, com
algumas faixas bônus como CD solo, apropriadamente titulado
“Bastard Barbie" (risos) – em janeiro de 2009, pelo selo americano Retrospect
Records.
Blah Cultural: Era muito difícil conciliar uma banda no Rio - no caso você era vocalista do Poison Cover carioca, e o Bastardz - em São Paulo?
Criss Sexx: Não muito. Eu sempre consegui conciliar as duas bandas. Era
sim, muito exaustivo ter que ir para São Paulo e voltar para o Rio de Janeiro,
no caso do Bastardz, sem ganhar um centavo por isso.
Apenas um dos membros do
Poison Cover não gostava da ideia de eu fazer parte das duas bandas. No final
das contas, saí do Bastardz e o Poison Cover acabou (risos).
Sempre digo que
gostaria de fazer um revival do Poison Cover, que tínhamos, pois era muito bom.
Talvez com um ou dois membros diferentes. Posso afirmar que nunca ouvi uma
banda cover de Poison soar tão parecido com o Poison, e incluo na lista bandas
lá de fora.
Blah Cultural: Sobre a sua atual banda, a NYMPHO. Como surgiu a
parceria com o selo norte americano Perris Records?
Criss Sexx: Depois de todo o problema que tive no final dos meus dias
com o Bastardz, eu tinha realmente resolvido parar de tocar. Bandas dão muito
trabalho. É como estar casado com mais três ou quatro pessoas ao mesmo tempo.
Em uma de minhas viagens para ver um show em São Paulo, um baixista do Rio de
Janeiro me abordou e cogitou a formação
de uma nova banda. Não aceitei logo de cara, pois estava ainda meio recente
para mim todo o rolo que deu no Bastardz.
Algumas semanas depois, o mesmo cara
entrou em contato comigo, dizendo que tinha um guitarrista “lindo” como o
Richie Kotzen. Lembro-me claramente de ter perguntado se ele tocava bem, e ele
respondeu que não sabia, mas que o cara era “lindo” (risos).
Eu conhecia o Pablo
Pinheiro (baterista) que está conosco até hoje. Ele frequentava os ensaios do
Poison Cover, pois era amigo do baterista da banda. Eu entrei em contato com
ele e ele decidiu tentar uns dois ensaios, para ver o que acontecia. De cara,
vimos que esse guitarrista “lindo” não encaixaria na banda, pois eu, como
guitarrista base, tocava melhor do que ele (risos).
O Pablo então trouxe o Dick,
guitarrista original da banda, que encaixou perfeitamente para o que queríamos
fazer. De repente, o cara que começou isso tudo, o baixista, deixou a banda, e
foi quando o Olavo Barroka entrou na NYMPHO, também descoberto pelo Pablo.
A
química musical e a amizade que criamos rolaram muito bem e muito rapidamente.
Logo começamos a fazer pequenos shows, em lugares bem toscos, depois alguns em
outros lugares melhorzinhos, e durante esse tempo eu já tinha composto o nosso
primeiro CD.
Entramos em estúdio e acredito que finalizamos todo o processo,
inclusive o lançamento do CD pela Perris Records, em uns seis meses. “V.I.P –
Very Indecent People” saiu nos Estados Unidos, com distribuição mundial, em
Março de 2009.
Logo depois do show de lançamento do CD, tudo pareceu
retroceder. Os shows que pintavam, pararam de pintar, deixamos de tocar em
algumas ocasiões pois os organizadores dos eventos pensavam que, por termos um
CD lançado lá fora, pediríamos uma grana alta por uma apresentação. Tudo isso causou um desgaste
gigantesco na banda, resultando na saída do guitarrista original, Dick.
Ele
saiu da banda em bons termos, ainda somos amigos. A venda de CDs aqui no Brasil foi boa (só eu
vendi uns trezentos). O disco ainda está disponível com a banda, ou pelo selo,
que não fez qualquer promoção lá fora, embora o tenha distribuído para
grandes lojas como a Amazon, por exemplo. Se você catar na internet, você
poderá achar o CD sendo vendido em diversos sites dos Estados Unidos, Europa e
até no Japão.
Blah Cultural: Como vocês chegaram até o atual guitarrista, Eric Prouvot?
Criss Sexx: Quando o Dick saiu da banda, foi realmente um balde de água
fria para nós. Testamos alguns bons demais para ficar na banda, e alguns ruins
demais também. O Eric foi trazido para a
NYMPHO pelo Olavo (baixista). Eles eram amigos de infância, eu acho, ou pelo
menos tocaram juntos em uma banda chamada “Ursinho Zezé” (risos), até hoje ainda não ouvi as músicas dessa banda
que eles tiveram, morro de curiosidade em ouvi-las!
Ele é, com certeza, uma
das peças chave para o novo som da NYMPHO.
Talvez Eric não seja o melhor guitarrista técnico com quem eu já tenha
tocado, mas de forma geral, é o melhor guitarrista com quem tive o prazer de
tocar. Espero tê-lo na banda para sempre. Ele é uma pessoa incrível, não arruma
confusão, além de ser um grande guitarrista.
Eric, quando você ler essa
entrevista, lembre-se: COMPONHA ALGO PARA O PRÓXIMO CD!!!!!! Você é incrível,
amigo!!!!!!
Blah Cultural: A NYMPHO acaba de
gravar o álbum “Alone In The Dark”. Você poderia contar um pouco a respeito?
Criss Sexx: Começamos a gravar o disco em janeiro de 2011. Desde o
primeiro dia de gravações, até o último dia de mixagem, de até depois de tudo
isso, a experiência foi um grande pesadelo. Eu já tinha o álbum todo composto,
e tínhamos na época um grande guitarrista conosco. Ele e o cara do estúdio, de
cara, não foram com a cara um do outro. Daí tive a ideia de gravar todo o disco
e deixar as partes do guitarrista para o final.
Foi uma das decisões mais
sábias que eu tomei em toda a minha vida. Logo após a primeira sessão de
gravações das guitarras, houve um grande problema com o cara do estúdio. Problema
resolvido, mas a tensão continuou. Tivemos um problema muito sério com o cara
do estúdio e, no meio das gravações, rompemos com ele. A banda ficou muito
desmotivada com tudo isso.
O orçamento para fazer o disco, devido à troca de
estúdios, praticamente duplicou. Nesse meio tempo, o guitarrista decidiu sair
da banda. Ele simplesmente enviou uma mensagem de texto para o Pablo e disse
“estou fora”. Eu compreendi que ele não
aguentava mais a pressão e os perrengues que estávamos passando a meses.
De volta à estaca zero novamente – achar outro guitarrista.
O Eric foi, certamente,
enviado por Deus. Ele aprendeu todo o repertório antigo e o repertório do novo
CD em tempo que nunca antes tinha visto qualquer guitarrista fazer igual. Com o
orçamento mais do que apertado, terminamos as gravações no conceituado estúdio
HR, aqui do Rio de Janeiro, e tenho muito a agradecer ao Flávio Pascarillo pela
ajuda que ele me deu para finalizar as gravações de guitarra, e ao Olavo, pois
se não fosse ele, não teríamos condições de terminar o disco.
Voltando ao Eric,
ele e eu arranjamos todos os solos do disco minuciosamente em três dias. Ele
sempre será merecedor do meu respeito como músico, pois gravou todas as suas
partes de base e solo em apenas dois dias. Nós, os vocalistas e guitarristas
somos famosos por termos um grande ego. Lembro-me claramente de todo o esforço
e dedicação que ele fez para gravar as músicas em tempo recorde. No final das
gravações de suas partes, ele chegou para mim e disse, com essas palavras:
“Obrigado. Sem a sua ajuda eu não teria conseguido fazer o que acabei de fazer.”.Esse é o Eric, um grande guitarrista com um ego inexistente.
Eu sempre me lembrarei
desse momento, e o agradeço agora, publicamente, em ter confiado em mim e ter
seguido as minhas instruções, pois eu produzi o disco. Depois disso veio a
mixagem, onde o Flávio Pascarillo foi de
extrema importância também, pois me ajudou bastante com a mixagem do disco . O
CD foi masterizado por Joseph Stones, um dos melhores amigos, e eu. Também devo
muito a ele.
Vieram então as partes de finalização do CD, como fotos e arte
gráfica. Leandro Moura (Wolfgang Steeler) foi incrivelmente profissional nesses
quesitos. O considero como um irmão, de verdade. E a modelo da capa do novo
disco, Bruna Amâncio. Ela foi simplesmente incrível. Ela deveria estar
trabalhando no ramo, de verdade. Foi muito mais difícil lançar esse disco do
que o primeiro, e também o meu disco solo.
Cada vez está mais difícil lançar um
trabalho lá fora. Recebemos uma proposta de uma grande gravadora da Europa, mas
o contrato que nos foi oferecido foi simplesmente ridículo, em termos de
pagamento para a banda. Deixamos isso para lá e resolvemos lançar o CD por nós
mesmos. O disco sai no dia 15 de junho na Europa, com distribuição mundial pela
MUSIC BUY MAIL.
Uma pessoa que tem me apoiado desde antes mesmo da finalização
do CD é o grande produtor americano Jack Ponti, famoso por seu trabalho com
Alice Cooper, Baton Rouge, Doro e outros grandes artistas. Ele mesmo se
ofereceu para escrever uma nota em nosso CD “Alone In The Dark”, que todos
poderão ver quando o mesmo estiver no mercado!
Blah Cultural: Quais são os planos da NYMPHO para 2012?
Criss Sexx: Tocar em qualquer lugar e em todos os lugares. No Brasil e,
se tivermos sorte, fora daqui também. Já estou fazendo alguns contatos, tudo é
possível. O grande problema, como sempre, é o apoio que é dado às bandas daqui
pelos próprios brasileiros. Uma prova disso é a porcentagem brutalmente
diferente de pessoas que curtem a nossa página Nympho Rocks no Facebook, há
muito mais pessoas que apoiam a banda lá de fora, dos mais diversos países, do
que pessoas que deveriam apoiar-nos em nosso próprio país.
Modéstia à parte,
você ouve as nossas músicas e dificilmente acredita que somos uma banda
brasileira. Somos respeitados por isso lá fora. Estamos tendo execução de
nossas músicas em rádios da internet do Estados Unidos, Inglaterra e Espanha. Há
algum tempo, fui contactado por uma rádio da internet, americana, para uma
entrevista ao vivo por telefone, que pode ser achada facilmente no YouTube.
Eu
consegui um “endorsement” da companhia americana In Tune Guitar Picks – somos a
brimeira banda brasileira a ser patrocinados por eles, e eles fabricam as
palhetas de bandas como Alice Cooper, Mötley Crüe, Twisted Sister e outras
grandes bandas.
Meus planos é levar a NYMPHO para outro nível de banda, sair do
nível “banda de garagem”. Trabalhamos muito para isso. Só precisamos de um
pouco de sorte e de promoters que levem a banda aos mais diversos lugares. Já
tenho algumas músicas compostas para um terceiro álbum da NYMPHO, mas não vejo
isso acontecendo em um futuro próximo, pois vamos nos concentrar em tocar, assim que o CD “Alone In The Dark” estiver no mercado.
Blah Cultural: E quanto aos rockstars. Como surgiu a idéia de tirar
foto com os seus ídolos?
<< Criss + Axl Rose.
Criss Sexx: Sempre fui um colecionador fanático das bandas que eu gosto.
Já disse em outras entrevistas que acho que o artista tem a obrigação de
atender um fã de verdade. Sem esses fãs, eles não seriam nada.
Uma vez me senti
extremamente ofendido quando uma menina no facebook me enviou uma mensagem e
disse: “Legal, podemos ser amigos?
Também sou uma Picture Hunter (caçadora de
fotos com artistas).
Eu não
sou uma dessas pessoas. Eu só vou atrás de bandas que eu realmente gosto, não
sou como um cento de mulambos que aparecem de repente e não possuem um só disco
do artista, tirando a vez dos fãs de verdade.
Eu mesmo me senti lisonjeado
quando fui à Inglaterra no ano passado e lá fui reconhecido. Tirei fotos com
algumas meninas que me reconheceram em Candem Town. Também fiquei orgulhoso de
ser abordado por um cara americano, fora do país dele, que disse “vi no
facebook que você estaria aqui na Inglaterra. Você pode assinar os meus CDs?”.
Isso realmente não tem preço. É uma sensação que não dá para descrever,
encontrar alguém que aprecia realmente o seu trabalho.
Aqui no Brasil, por mais
que as pessoas do meio curtam o que você faz, elas simplesmente não dão o menor
valor, por você ser brasileiro também. A cultura desse país é assim mesmo.
Fazer o que? Eu não teria o menor problema em abordar um artista brasileiro que
eu admirasse para uma foto e um autógrafo. Mas na verdade, a falta de artistas
brasileiros com talento é incrível.
Blah Cultural: Das celebridades, que você conheceu. Qual foi a mais
legal? E a mais arrogante? Sei daquela história com o Bon Jovi...
< Criss + Bon Jovi, nos anos 90
< Criss + Bon Jovi, nos anos 90
Criss Sexx: (risos). Não tem
como dizer quem foi o mais legal. Muitos deles foram excelentes, pessoas
extraordinárias. Alguns deles foram o Alice Cooper e banda, alguns membros do
Whitesnake, Ted Poley, Jimi
Jamison, Keri Kelli, Doro e a banda
dela, Taime Downe (Faster Pussycat),
Todd Chaisson (Tuff), Gilby Clarke, Steven Adler, Chip Z’ Nuff, alguns dos
membros do novo Guns N’ Roses, como DJ Ashba e Ron “Bumblefoot” Tall, James
Lomenzo, Joe Lynn Turner, John Corabi, Arnel Pineda e Jonathan Cain (Journey),
Billy Sheehan (Mr. Big), Simon Daniels (ex-Jailhouse e atual Flood), Brent
Fitz, alguns membros do Twisted Sister, todos os membros do Firehouse, Tyketto,
House Of Lords e White Lion. Não posso deixar de mencionar o Roxette, cujos
membros foram os mais gentis de todos os tempos. Alguns deles, incluindo a
cantora Marie Friedrikssen, lembrou de mim na segunda vez que nos encontramos,
me tratando de igual para igual.
Na Inglaterra tive o prazer de conhecer
grandes artistas, que mais do que isso, também são pessoas excepcionais, como
Gerry Laffy (Girl), Steevie Jaimz (Tigertailz), todos os membros da banda
Strangeways, Serpentine e Unruly Child, Jesse Damon e Mark Hawkins (Silent
Rage), Kane Roberts e Mitch Malloy. Lá fora você é tratado de igual para igual,
não é como aqui no Brasil, onde muitos artistas chegam com tanta empáfia que
fazem questão de ignorar ou maltratar os fãs.
Nessa categoria, dos mais
arrogantes, sem dúvidas o Paul Stanley do Kiss, Blackie Lawless do
W.A.S.P.e a Avril Lavigne, que nem se
quer quiseram qualquer tipo de contato, sem falar da famosa história do Jon Bon
Jovi que muitos já conhecem (risos), mas
com certeza, a maior decepção de todas foi com os caras do Mötley Crüe, tirando
o Mick Mars, que foi fenomenal.
(Nota do Redator: Reza a lenda que Criss Sexx encontrou Jon Bon Jovi, e o mesmo teria assinado seu CD de cabeça para baixo. Na segunda vez, o cantor foi correr na praia de Ipanema e não quis tirar fotos. Criss foi flagrado por um fotógrafo do G1, próximo a Bon Jovi em seu cooper).
Blah Cultural: E o futuro do Criss Sexx e da NYMPHO?
Criss Sexx: Como disse antes, pretendo levar a NYMPHO para um outro
nível de banda, mas preciso de sorte e investimento de terceiros para que isso
aconteça. Definitivamente, sem ser arrogante, não nos considero mais uma “banda
de garagem”, embora estejamos longe de ser uma grande banda, não quero parecer
arrogante, mas já estamos juntos há seis anos.
Vamos ver como será a aceitação
do novo CD “Alone In The Dark”... Planos, tenho muitos. Nos próximos meses
gravaremos o vídeo para o single do novo disco, para a faixa “Rock Me Hard”, e
talvez para mais uma ou duas músicas do disco. Tenho algumas entrevistas de
rádio e revista agendadas para veículos dos Estados Unidos e Inglaterra também.
Blah Cultural: Criss, muito obrigado por essa entrevista. Você poderia
mandar um recado, para todos os que estão lendo essa entrevista?
Criss Sexx: Primeiramente, gostaria de agradecer a você, Bruno, pela
oportunidade dessa entrevista para o Blah Cultural. É a primeira entrevista de
divulgação para o nosso novo CD, “Alone In The Dark”.
Gostaria de agradecê-lo
também por todos esses anos que você vem me apoiando em todos os projetos em
que estive envolvido. A NYMPHO é, com certeza, o melhor deles. Quero agradecer
também à banda, Olavo, Pablo e Eric por serem um grande time.
Mais
agradecimentos a todos aqueles de que, de alguma forma, apoiaram a mim ou a
NYMPHO nesses últimos meses conturbados antes do lançamento de “Alone In The
Dark”. Gostaria de agradecer a todos aqueles que fizeram e mantem contato
comigo pelo facebook, especialmente aos que curtiram a nossa página lá.
Por
favor, continuem apoiando a banda, ninguém jamais será esquecido. Deixo o
recado também para promoters e organizadores de eventos do Rio de Janeiro e de
todo o Brasil que se interessem em trabalhar com a NYMPHO. É só entrarem
contato! Grande abraço para todos, Rock On!
Contatos com a Nympho:
1 opinaram:
pois e quem diria achei essa entrevista super legal e essa trajetoria do criss conheço bem e lembro bem da galera do Bang bang rock passa rapido tudo mas a musica nao pode parar Hard rock sempre . Olavo de Petropolis voce sabe quem e .viver de Musica e uma barra mesmo .
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