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sábado, 12 de maio de 2012

Baú do Blah: Secos & Molhados

Sou um grande fã do Rock Progressivo. Vivemos em um caldeirão cultural, onde diversos estilos musicais se tornam um. Isso é bastante favorável para o gênero, que usa o improviso em suas composições. A grande prova do sucesso, nessa mistura rítmica,  é  o trio liderado por Ney Matogrosso: Secos & Molhados.

O grupo, que contava também com os vocalistas e violonistas,  João Ricardo e Gérson Conrad, apostava em uma sonoridade pouco explorada no Brasil. Eles flertavam entre o  popular e o erudito. Era fácil encontrar no som do Secos & Molhados, uma mistura entre  rock n' roll, com teclados a la Deep Purple, em "Mulher Barriguda"  e o psicodelismo que beirava ao clássico com flautas em  "Rondó do Capitão", que é um poema de Manuel Bandeira musicado pelo trio. 

Secos & Molhados não era apenas um grupo de "barbados" que usavam maquiagem e cantavam "Vira, vira, vira homem, vira, vira. Vira, vira, lobisomen". A banda apostou em um estilo andrógino, porém, com reflexões de assuntos relacionados ao cotidiano de sua época. Nos anos 70,  o Brasil sofria com a opressão do Governo Militar e temas como guerras, violência  e sexualidade eram explorados pela banda. Não demorou muito para o trio cair no gosto popular e virar sinônimo de dor de cabeça para os censores da ditadura. 

Outro aspecto interessante é que a banda foi a primeira a ter uma postura glam rock no Brasil. Naquela época, quem usava maquiagem eram os britânicos David Bowie e Marc Bolan, líder do T-Rex,  que desenvolviam o estilo no Reino Unido.

 Sempre fui fã do Ney Matogrosso - dizem que minha mãe ouvia durante a gravidez e desde que me "entendo por gente",  escuto uma afirmação que gera certa polêmica: "O Secos & Molhados influênciou o Kiss." As vezes Ney Matogrosso aborda o assunto, esse ano, foi uma das perguntas de Serginho Groisman, em seu programa Altas Horas.

Reza a lenda que o grupo foi se apresentar no México, em 1973. O Secos & Molhados era um grande sucesso na "terra dos mariachis", e depois do show, um produtor procurou Ney Matogrosso e o convidou para integrar uma nova banda americana,  que usaria máscaras inspiradas neles. O vocalista disse que queria ficar com os Secos, porque gostava de abordar temas referentes ao Brasil em suas músicas. Tempos depois surgia o Kiss, um quarteto americano - mascarado e com uma sonoridade mais pesada . Verdade? Não sei...

Para os fãs do Rock Progressivo o veto de Ney Matogrosso foi muito bom, afinal de contas, pérolas como "Sangue Latino", "Flores Astrais" e "O Patrão Nosso de Cada Dia" não teriam o impacto que tiveram no Brasil. Gosto do Kiss, mas sou do tipo que não troca os dois minutos de "Rosa de Hiroshima" (abaixo), por toda a discografia do quarteto norte americano.

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